Internado essa semana, por conta de uma infecção respiratória, Chico Anysio, um dos grandes humoristas brasileiros vivos, soltou em seu blog, ainda internado, uma frase que ao mesmo tempo é emblemática e deprimente.
Estou vivo e paciente, esperando a cada telefonema que seja alguém da Globo, vestido de azul marinho dizendo que alguém da mesma cor quer me ver novamente na telinha.
No mesmo post ele fala das recusas que fez à propostas das concorrentes:
Estou Vivo e sou da GLOBO, agradecendo a todas concorrentes que me fizeram propostas que não aceitei, por fidelidade e amor a casa que me abriga e que eu, agora sim sem modéstia, ajudei a construir.
Que pena Chico, que todo seu talento não tenha ajudado a construir coisa melhor. Mas a vida é assim mesmo, e você não é o único que pode se gabar de ter ajudado a construir a geladeira onde você mesmo se congela. Quantas vezes não fazemos o mesmo, ao darmos voz, vez e audiência às decisões dos homens de azul-Marinho?
Espíritas, direitistas, ricos e vendidos à interesses estrangeiros os homens de azul-Marinho não se assumem. Problema algum estarem enquadrados em qualquer dessas posições, o problema é não se assumirem, e passar a vida posando de modernos representantes da sociedade brasileira, arautos da bandeira tupiniquim, enquanto não passam de religiosos panfletários (tão panfletários quanto o Edir Macedo que tanto combatem), manipuladores políticos e representantes no Brasil do capital ex-dominante.
Exploraram a morte de Senna, transformando um piloto genial numa proto-religião. Controlaram, com as armas das ilhas de edição, as eleições de 1989, o que antigamente costumava-se fazer com armas. Deixam talentos no armário dos contratos bem-amarrados, enquanto abusam das fórmulas e de uma pretenso padrão do que julgam ser qualidade. Usam telejornais para panfletar religião e posíção política.
E enquanto isso nos revoltamos só contra as passagens aéreas, contra os que se lixam para a mídia, contra os que usam a fé como comércio ou contra o último funk da moda. Sim, é tudo lixo, mas… e eles?
Quando alguém vai falar, fazer, ou mudar alguma coisa?
Quem tiver banda larga e interesse, vejam o documentário feito pela BBC em 1993, “Beyond Citizen Kane”, algo como “Além do Cidadão Kane”, que já naquela época descortinava o que a fumaça da Vênus Platinada nos atrapalha ver até hoje. Podiam fazer uma versão 2009 dele inclusive. Tem muita coisa pra atualizar aí. Tá no Google Vídeo , e você assiste clicando aqui.