Michael Jackson morreu.
Um dos maiores artistas de todos os tempos encerrou a carreira por ser maior do que o homem que o carregava podia suportar. Cantor de respeito, dançarino impressionante, coreógrafo incomum, Michael tinha todo o talento e brilho naturais para ser um extra-série. Ninguém vendeu mais discos do que ele, talvez poucos tenham feito mais sucesso do que ele. A partir dos anos 80, na esteira do mega-sucesso Thriller e do passo Moonwalker, tornou-se sem dúvida, ao lado de Beatles e Elvis, um dos três maiores nomes da música contemporânea.
Mas aí veio a história do Rei do Pop e Michael iniciou o processo de desintegração que terminou na última quinta. Era negro, ficou branco, e acabou em cinzas. Não podia suportar tudo que lhe aconteceu desde a saída dos Jacksons 5. Todo sucesso, todas “vitórias”, todo reconhecimento o levaram à implosão. Pesou a história familiar, de um pai opressor, as péssimas companhias, os sanguessugas que nunca faltam para rodear artistas deste naipe. As bizarrices na face, que por vezes me causaram susto de verdade, mesmo não sendo eu alguém que tenha medo de assombrações, eram a forma de externar a insatisfação interior de mais um, que apararentemente, poderia ter tudo que quisesse.
O mundo perde sim, perde um grande talento. Mas o que a maioria hoje lamenta é a perda do produto, do mito. Vão fazê-lo de produto ainda por uns quinze dias, seus discos serão vendidos novamente, daí mais um pouco virão os tributos, as regravações, tudo pra tentar eternizar o produto. Mas ainda bem, o talento também fica. Goste-se de suas músicas ou não (eu por exemplo, não gosto, exceto Music and Me, e algumas outras poucas), é ignorante não reconhecer que seu legado está posto.
Morre derrotado, pela vaidade, pela suposta pedofilia, pelas bizarrices, pelos sanguessugas, pelo início de vida na família desajustada, e por todos que quiseram que o produto ofuscasse o talento. Inclusive ele, talvez.
Quando estava casada com Lisa-Marie Presley, filha do maior de todos, Michael teria dito à então esposa: “Tenho medo de acabar como seu pai”.
Triste confirmação.