quinta-feira, 11 de junho de 2009

Curralito

Muito legal o que eu vi esses dias. Mineiro de Passos, Régis Danese, se tornou um dos maiores fenômenos musicais do momento. Vendeu diamante duplo, isso mesmo, 500 mil cópias do seu último disco, Compromisso, num momento do mercado onde quem vende 100 mil cópias é rei. Primeiro lugar nas principais rádios do Rio e entre os primeiros em todo Brasil. Mas peraí... um minuto... ele não canta músicas gospel?? Sim caros leitores, o camarada é crente/evangélico/protestante/cristão reformado, canta músicas de conteúdo religioso, num estilo conhecido no mercado gospel como "Louvor & Adoração", e desbancou Ivete, J.Quest, entre outros. Seu carro chefe, "Faz um milagre em mim", tem versões em dance, tecno, pagode, e até funk. Ele conseguiu fazer com que a mesma música toque nos momentos de qubrantamento das igrejas e nas festinhas universitárias de alto teor etílico, ou no baile funk.  Pelo que se ouve dele, trata a música como uma profissão, reconhece a importância e o valor musical de seus sucessos da fase 'secular",  e não coloca a coisa como se fosse simplesmente um "chamado" ou um "ministério". Bem menos hipócrita, vamos combinar.
Mas vamos ao que interessa: quem, dentro da música gospel (exceto, talvez, Aline Barros) fez o que Régis fez? E em tão pouco tempo? Ninguém. Nenhum dos detentores de "chamados", "unções" e "ministérios", conseguiram levar a mensagem que acreditam, às pessoas que segundo eles estão perdidas, pelo menos não no mesmo nível de Danese. Se acreditam e seguem a Jesus, quem dentre eles cumpriu melhor do que Régis, o IDE que Ele deixou pra seus seguidores. Pelo contrário, se contentarem  em tratar dos bois que já estavam dentro do curral, fazendo incautos acreditarem que existe música de Deus e música do capeta inimigo, procurando talvez criar pra si uma reserva de mercado. Seria engenhoso, se não fosse hipócrita.

Há artistas gospel, que cobram valores bem altos pra seu ministério comparecer em algum evento. Até aí tudo bem, cada um pôe o preço que quiser em seu trabalho, desde que o assuma como trabalho, que no caso, é. Mas não me venha depois posar de santinho, dizer que vive pela causa ministerial e pelo sacerdócio, por que quem está preocupado realmente em evangelizar, não tem tempo pra gastar os rios de dinheiro que alguns ganham dentro dos currais. Foi patético por exemplo, ver há alguns anos a briga jurídica entre o pastor Marcus Gregório, do Ministério Apascentar de Nova Iguaçu e os dissidentes do Trazendo a Arca. Uma briga pelos direitos econômicos das músicas que carregavam mensagens que segundo Cristo, não tinham preço. Lamentável…

Sonho com o dia em que a música vai voltar a ser apenas uma expressão artística, o dia em que os cristãos evangélicos ouvirão música como arte, e verão Deus como Deus, acima de todas as coisas pequenas aqui debaixo. Dia em que músicos cristãos levarão a sua forma de ver e fazer música a todas as pessoas, independentemente se isso vi me garantir pelo menos umas 30 mil cópias.

Há muita coisa boa dentro do gospel, muita mesmo. Muita gente talentosa, muita qualidade. E de forma nenhuma eu diminuo o valor deste mercado. Mas a música é maior do que o gospel, assim como Deus é maior do que igrejas, músicas, e expressões artísticas.

Segue a reportagem da Record (arghhh!) que inspirou este post:

 

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